Terras raras: projeto com investimento bilionário realiza testes para processar elementos em Goiás
06/11/2025
(Foto: Reprodução) Projeto Carina, da Aclara Resources, em Goiás
Divulgação/Aclara Resources
Goiás é uma referência nacional quando o assunto é terras raras. No estado está localizada a primeira mineradora fora da Ásia a produzir em escala comercial os quatro elementos essenciais para a tecnologia moderna, a Serra Verde, em Minaçu, no norte goiano. Em fase de testes, outro projeto se destaca. É a planta piloto do Projeto Carina, da multinacional chilena Aclara Resources, em Aparecida de Goiânia.
A Agência Nacional de Mineração (ANM) visitou a planta e divulgou que as terras raras chegam ao local sob a forma de argila iônica. O objetivo da multinacional é implementar uma fábrica no município onde os elementos são extraídos, em Nova Roma.
Conforme divulgado pelo Governo de Goiás, o Projeto Carina possui um investimento de cerca de R$ 2,8 bilhões, sendo R$ 30 milhões apenas na instalação de Aparecida de Goiânia. A Aclara pretende processar 250 toneladas de argilas iônicas. Atualmente, o projeto está em fase de testes em escala semi-industrial.
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Ao g1, Murilo Nagato, diretor geral da Aclara do Brasil, informou que a planta piloto foi criada para ser uma estrutura temporária de testes e ajustes na rota de processo e beneficiamento de terras raras.
“Como estamos na fase de detalhamento do projeto de engenharia do empreendimento em Nova Roma, o período de funcionamento da planta ainda está em definição, pois tudo depende de estudos e análises que estamos fazendo, observando demandas e necessidades do processo”, explicou.
Em Aparecida de Goiânia, a Aclara já produziu carbonato misto de terras raras (MREC), que reúne diferentes elementos, com pureza superior a 90%. “O material vem sendo utilizado para calibração de processo e envio de amostras a parceiros tecnológicos”, destacou o diretor.
“O projeto é voltado às terras raras pesadas, com destaque para o Disprósio (Dy) e o Térbio (Tb), ambos essenciais para a fabricação de ímãs permanentes de alto desempenho”, ressaltou Murilo Nagato.
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Processo de licenciamento ambiental
Atualmente, o Projeto Carina está em processo de licenciamento ambiental e já conseguiu a licença prévia de operação.
“O processo de Colheita Mineral Circular foi desenvolvido para minimizar impactos ambientais: não utiliza explosivos, não realiza trituração ou moagem, não gera efluentes líquidos, dispensa barragens de rejeitos, reutiliza cerca de 95% da água e recupera 99% do principal reagente, que é um fertilizante natural”, detalhou o diretor geral da Aclara.
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Murilo relatou que o projeto está estruturado em marcos, como o licenciamento ambiental, engenharia detalhada, contratações, implantação e comissionamento. A empresa pretende iniciar as obras preparatórias para a fábrica de Nova Roma em 2026.
Goiás como referência nacional
Projeto Carina, da Aclara Resources, em Goiás
Divulgação/Aclara Resources
Em entrevista ao g1, o Secretário de Estado de Indústria, Comércio e Serviços de Goiás (SIC), Joel Sant'Anna Braga, afirmou que Goiás será um dos maiores exportadores de terras raras.
“Goiás foi o primeiro estado a conseguir o licenciamento ambiental e já faz a separação e exportação das terras raras, principalmente as pesadas, que são as mais valiosas, descobertas em Minaçu e Nova Roma”, destacou.
O secretário explicou que a China ainda domina a tecnologia de transformação das terras raras em produtos finais, como motores, turbinas e tomógrafos, mas que o estado estuda aprimorar as suas tecnologias e firmar parcerias para fazer mais além de exportar os elementos.
Ao comparar o projeto da Serra Verde e o Projeto Carina, o secretário observou que Nova Roma possui uma camada de minério mais profunda, cerca de 15 metros, o que indica um potencial maior de produção.
“O foco principal é esse: dar segurança jurídica às mineradoras multinacionais para investirem em Goiás, com mineração sustentável”, destacou.
O que são terras raras?
Terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos encontrados em abundância na natureza. Eles ganham status de raros devido à dificuldade de separar sua forma pura dos minerais onde se acumulam.
Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), os elementos são classificados da seguinte forma:
leves: lantânio, cério, praseodímio e neodímio;
médios: samário, európio e gadolínio;
pesados: térbio, disprósio, hólmio, térbio, túlio, itérbio, lutécio e ítrio.
De acordo com o professor e doutor em engenharia de materiais, André Carlos Silva, da Universidade Federal de Catalão (UFCat), a maior parte das terras raras é considerada leve.
“Um dos elementos de terras raras é utilizado para fazer lentes especiais, como é o caso das lentes de celulares. Já o neodímio, que está sendo tão procurado, é utilizado para fazer ímãs de terras raras, de alto campo magnético”, explicou.
O especialista destacou que a importância dos “superímãs” de terras raras está relacionada à transmissão energética. Segundo ele, o ímã permanente não precisa gastar eletricidade para gerar energia, já que é composto por neodímio. “Esse ímã está nos fones de ouvido de alta capacidade que nós usamos hoje, nos HDs de computadores, nas turbinas eólicas e também dentro dos motores dos carros elétricos”, completou.
Mineradora Serra Verde explora quatro elementos de terras raras em Minaçu.
Arte/g1
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