Operação mira advogados, médico e engenheiro suspeitos de golpe milionário com fraudes em benefícios do Césio-137
30/10/2025
(Foto: Reprodução) Operação investiga fraudes ligadas ao acidente com o césio-137
Advogados, médico e engenheiro suspeitos de fraudarem benefícios milionários com base em suposta exposição ao césio-137 são alvo de uma nova fase da operação policial que investiga o chamado "Golpe do Césio 137". Segundo a Polícia Civil, estão sendo cumpridos, na manhã desta quinta-feira (30), cinco mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão na Região Metropolitana de Goiânia.
Os nomes dos suspeitos não foram divulgados. Por isso, o g1 não conseguiu contato com a defesa deles até a última atualização desta reportagem.
De acordo com a investigação, o grupo atuava falsificando documentos para obter isenção de imposto de renda alegando exposição ao material radioativo, decorrente do acidente que aconteceu em Goiânia em 1987.
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Inicialmente, a Polícia Civil divulgou que o esquema teria causado um prejuízo estimado em R$ 79 milhões. No entanto, o delegado Leonardo Dias Pires explicou que o dano aos cofres público poderia chegar a esse valor caso a operação não tivesse sido iniciada. O prejuízo efetivo foi de cerca de R$ 1,7 milhão.
Em nota, a A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), informou que acompanha a investigação. "A OAB-GO reforça que esse acompanhamento visa resguardar as prerrogativas profissionais e fiscalizar o cumprimento dos preceitos éticos da advocacia. Por fim, informa que não comenta eventuais prisões ou condenações de seus inscritos", pontuou a seccional (leia na íntegra ao final do texto).
Ao g1, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) disse que já iniciou os procedimentos internos para a devida apuração dos fatos, no âmbito de sua competência legal.
"Ressaltamos que a conduta ética e o respeito à legislação profissional são pilares inegociáveis do Sistema Confea/Crea, e qualquer desvio que configure infração ética será rigorosamente investigado e, comprovada a irregularidade, o profissional estará sujeito às penalidades previstas na legislação", destacou o conselho (confira a nota completa ao final do texto).
Esta é a segunda fase da operação que investiga o golpe. Segundo a Delegacia Estadual de Investigações Criminais, os benefícios milionários eram obtidos por meio do ingresso de ações na Justiça, solicitando isenção de imposto de renda para pessoas que teriam sido vítimas do acidente radiológico.
Imagens da tragédia do Césio 137
Reprodução/TV Globo
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O acidente
No dia 13 de setembro de 1987, dois catadores de recicláveis acharam um aparelho de radioterapia abandonado, desmontaram e o venderam a um ferro-velho de Goiânia. Eles não tinham noção de que se tratava do césio-137. Altamente radioativo, o pó de coloração azul, que ficava no equipamento, causou quatro mortes e contaminou, pelo menos, 249 pessoas.
O césio-137 é um material radioativo que emite raios gama, radiação ionizante muito perigosa e que pode penetrar profundamente no corpo. Os raios gama são o tipo mais energético e perigoso de radiação ionizante, que pode retirar elétrons dos átomos de organismos vivos, danificando células e DNA.
Sete pontos de Goiânia foram os mais atingidos pela contaminação. Evacuados na época, a maioria desses locais está ocupada atualmente. Grande parte dos moradores ainda vive na vizinhança, e se recorda da tragédia quase que diariamente. Alguns ainda temem ser contaminados. No entanto, especialistas garantem que não há risco.
Nota da OAB Goiás
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), por meio do Sistema de Defesa das Prerrogativas (SDP), acompanha, nesta quinta-feira (30), a Operação Césio 171, que apura o suposto envolvimento de advogados. A Seccional esclarece que apura todas as infrações que chegam ao seu conhecimento, tomando as medidas cabíveis para defender a dignidade da advocacia, sempre respeitando o amplo direito de defesa e o contraditório.
A OAB-GO reforça que esse acompanhamento visa resguardar as prerrogativas profissionais e fiscalizar o cumprimento dos preceitos éticos da advocacia. Por fim, informa que não comenta eventuais prisões ou condenações de seus inscritos.
Nota do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO)
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), no cumprimento de seu papel de fiscalizador e orientador do exercício profissional, vem a público manifestar-se a respeito da notícia da prisão de um engenheiro pela Polícia Civil.
O Crea-GO informa que acompanha o caso com atenção e que já iniciou os procedimentos internos para a devida apuração dos fatos, no âmbito de sua competência legal.
Ressaltamos que a conduta ética e o respeito à legislação profissional são pilares inegociáveis do Sistema Confea/Crea, e qualquer desvio que configure infração ética será rigorosamente investigado e, comprovada a irregularidade, o profissional estará sujeito às penalidades previstas na legislação.
O Conselho reforça seu compromisso com a sociedade goiana em zelar pela qualidade e segurança dos serviços prestados por profissionais e empresas registradas. A atuação do Crea-GO visa garantir que o exercício da Engenharia, Agronomia e das demais profissões do Sistema seja pautado pela técnica, ética e responsabilidade.
O Crea-GO se coloca à disposição das autoridades competentes para colaborar com as investigações e reitera seu empenho em manter o padrão de excelência e a lisura que a sociedade espera de seus profissionais.
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